Criatividade, Conhecimento, Consciência e Inteligência
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Como funcionam?

Minha cara de gênio.

Talvez essas palavras sejam as mais importantes para mim. O que elas representam, a potência de cada uma no indivíduo com elas desenvolvidas e as consequências desastrosas de suas ausências – principalmente quando o indivíduo é presidente da República. Ou seja, inevitável falar também sobre burrice.

Vou aprofundar uma ideia sobre o mar, apresentada aqui, para discutir esses termos, dentro do UEM². Sabe o texto sobre ilhas e pontes? Também tinha mar lá, mas não tem nada a ver. Aqui é outra estrutura no UEM². O mar daqui é o indivíduo, você é um mar. O tamanho do mar cresce à medida que envelhece. Quando nasce, parece só uma… nascente | nossa, muito criativo | quando aposentado, quer dizer, quando velho, é um oceano. Vale dizer:

Aposentado vai ser tornar uma etapa da vida que ninguém consegue chegar. Seguem as etapas da existência humana: bebê, criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, morto, aposentado.

Tudo isso nasceu da minha necessidade de compreender como pessoas com um vasto conhecimento, doutoras em diferentes áreas, frequentadoras dos melhores cinemas e teatros, votaram no atual presidente. E como pessoas simples, muito próximas de mim, sem o Ensino Médio, sem ter ido duas vezes ao teatro em toda vida, tipo alguma espectadora do Jornal Nacional, que ao acompanhar as notícias sobre a reforma da previdência, diz: “Como as pessoas votaram em alguém que quer ferrar os pobres?”

Então vamos imaginar cada indivíduo como um mar. O mar é importante pois é água então as coisas podem se dissolver, espalhar, fluir.. E como é muita água, fica legal para visualizar um grande mar. Poderia ser um copo. Ou uma panela. Pois também vamos precisar de temperos, sim, temperos de cozinha. Sabe os potinhos de temperos? Faça essa imagem mental de potinhos gigantescos sobre um mar. Pronto. Como o sal, os temperos se espalham, por isso vou utilizá-los. Agora dá para começar.

Conhecimento

O conhecimento tempera o mar. É o sal, o açúcar, o orégano, a cebolinha, o alho, mesmo aqueles com gosto ruim, como o coentro. Uma pessoa que entende muito, muito sobre um assunto, mas só sabe sobre ele, pode-se dizer que seu mar é mal temperado. Só gosta de conhecimento sobre uma determinada área, só fala disso, só conhece isso. Claro que também existem mares sem gosto, sem tempero, assim, sem muito conhecimento.

Mas um indivíduo com mar bem temperado é aquele que possa até possuir muito conhecimento de uma determinada área, mas consegue manter concentrado esse… tempero em uma região de seu mar. Em outras, há variados sabores. Ele tem muito conhecimento, mas não apenas sobre um assunto, é um conhecimento diversificado. Retomando sobre a Arte da Aprendizagem, um indivíduo precisa experimentar e vivenciar diferentes sabores de conhecimento para deixar seu mar bem temperado. Se ele vive sempre o mesmo tempero | se repete as mesmas atividades em seu cotidiano | não amplia a diversidade de seu conhecimento, só reforça um sabor.

Inteligência e Reflexão

Lembra de Procurando Nemo? Quando eles pegam a CLA (Corrente Leste Australiana)? Com um monte de tartarugas, essa aqui. A inteligência depende da quantidade de correntes marítimas. Com elas, há uma grande circulação de conhecimento, os temperos se misturam, se relacionam de diferentes lugares, dependendo da necessidade.

Aqui apresento a inteligência como a capacidade de aplicar diversos conhecimentos para resolver uma questão da vida. A pessoa inteligente sempre vê a questão com complexidade, pois a questão circula pelas correntes marítimas | podemos dizer que as questões são as tartarugas | se envolvendo com diferentes temperos, sendo analisada por diferentes conhecimentos.

As correntes marítimas são criadas, desenvolvidas e mantidas pela reflexão. A reflexão é o Sol. Seu sol. Sim, você tem um solzinho dentro de você. Ao utilizá-lo, ou seja, ao refletir, ele esquenta seu conhecimento em determinado lugar, tornando quente a água deste local , fazendo-a se movimentar para um lugar frio, gerando correntes de água quente no seu mar, criando as correntes marítimas.

Contínuas reflexões fortalecem diferentes correntes dentro do mar do indivíduo e quanto mais correntes, mais inteligente é, com mais capacidade e mobilidade de aplicar uma diversidade de conhecimento a cada circunstância.

Daí, com minha estrutura metafórica, é fácil entender. O doutor lá de cima possui muito tempero em seu mar, inclusive muito manjericão, sua especialidade, contudo seu mar não se movimenta, há poucas correntes. Quando o doutor precisa entender algo, ele não consegue utilizar diferentes conhecimentos, relacioná-los e compreender de forma mais complexa a realidade. Por outro lado, a espectadora do JN não possui muito tempero em seu mar, mas para enfrentar os desafios da vida, sempre utilizou sua reflexão e com todas as suas correntes marítimas consolidadas, consegue utilizar todo seu menor conhecimento | em relação ao doutor | para entender a realidade.

Não estou qualificando os conhecimentos, estou quantificando. O doutor foi pras Europas, viveu na universidade, fala diferentes línguas, um verdadeiro erudito. A espectadora do Jornal Nacional só conhece sua periferia e seu cotidiano. Questão de quantidade. O doutor tem mais conhecimento do que a espectadora. Por outro lado, para ele sempre foi tudo fácil, dada sua condição social. Não houve muito desafios | outro texto falo disso | a espectadora, com filhos pra criar, dona de casa, sempre precisava enfrentar a vida. Ou seja, ela é muito mais inteligente que o doutor, pois utilizou seu sol mais vezes, desenvolvendo muitas correntes marítimas.

Consciência

Sabe quando dizem que indivíduo “tem consciência”? “Fulano tem consciência do que está fazendo.”, “Sicrano é um cara consciente.” Essa consciência depende do grau de transparência da água. Quanto mais transparente, maior a capacidade do indivíduo de ver mais coisa ao mesmo tempo, de utilizar mais conhecimento ao mesmo tempo, de compreender uma determinada questão em um elevado nível de complexidade, os significados por trás, como também os outros mares, as outras pessoas. Contudo, caso o indivíduo tempere seu mar com determinados temperos, a água pode ficar turva.

Há indivíduos com o mar bem temperado, com muitas correntes marítimas e mesmo assim acham que o presidente não é racista, nem homofóbico. Ao longo da vida, absorveu temperos que deixaram sua água turva. Ele entende a complexidade da realidade, mas não consegue ver através dela. Por isso esses indivíduos só conseguem compreender as coisas a partir de si mesmos, é a única referência visível. Por exemplo, um negro que casa com uma branca, anda sempre bem vestido, é educado e respeitoso com todos | principalmente com os brancos | se esforça no trabalho, nos estudos e em sua família, vai sustentar a ideia que o sucesso depende da força de vontade de cada um, que ele merece, porque sendo negro, chegou onde conseguiu chegar. Vai dizer que racismo não existe. Com a água turva, sua compreensão da realidade se torna limitada, “se eu, negro, consegui, todo negro consegue.”

A consciência da burrice

Todo indivíduo inteligente já passou por isso. Ao criar grandes correntes marítimas dentro de si e manter seu mar transparente, o indivíduo consegue ver a imensidão azul do mar vazia, lá longe. Percebe que quanto mais tempera, mais há áreas sem temperar, mas faltam diferentes temperos. Chega o desespero e o indivíduo diz: “Como eu sou burro.” A consciência da burrice é um instante pelo qual todo inteligente passa, quer dizer, deveria ser passageiro, com a contínua aquisição de conhecimentos. A telespectadora do JN não tem o suficiente para entender como é mais inteligente que o doutor. Nesse caso, a consciência da burrice se torna estável, fazendo-a sempre ser eternamente humilde, apesar de extremamente inteligente. Já o inteligente que acessa mais conhecimento, de fato reconhece suas capacidades, depois de passar pela crise da consciência da burrice.

E se, nesse instante, ele acessa conhecimentos turvos, se torna arrogante. Se o mar continua transparente, se torna sábio.

Icebergs

Antes de falar sobre criatividade, como entender caso de pessoas com toda a experiência de vida, adultas, mas que tem poucos temperos e correntes marítimas em seu mar, além da água turva? Aqui vamos explicar a existência de nosso atual presidente, como também de seus seguidores.

Aos poucos vou começar a falar mais de crenças em meus textos e talvez mexa com o iceberg dentro de você. Por isso vou apresentar uma rápida separação. Religiosidade, fé e espiritualidade, para mim, estão de um lado. Não vou falar sobre isso nesse texto, talvez em um próximo. Sim, em um próximo. Aqui vou me restringir em falar sobre crença, de um outro lado. Tente separar também, se for muito difícil, talvez tenha um iceberg dentro de você. Então tente apenas seguir a leitura.

Retomando, se a reflexão é o Sol, refletir gera calor. Sem refletir, o mar esfria permitindo o surgindo de icebergs, áreas com zero reflexão e correntes marítimas. Veja que não são áreas sem conhecimento, apenas com conhecimento congelado.

O indivíduo toma vacina da gripe todo ano, afinal sabe que os vírus evoluem, se tornam mais fortes e ele precisa de um reforço. Também toma antibióticos mais fortes, pois as bactérias também evoluem e ficam mais fortes. O conceito de evolução natural se aplica a suas preocupações com saúde, mas não se aplica em Adão e Eva dentro do iceberg. O orégano da evolução de Darwin, o conhecimento sobre isso se espalha pelo mar, exceto ali, na sua crença | iceberg | de como surgiu a humanidade.

Se ao ler o parágrafo anterior, você ficou indignado, incomodado, é o sal do conhecimento tentando derreter seu iceberg.

Há uma maior incidência de icebergs quando há baixa reflexão. Pois com muita reflexão as correntes marítimas | a inteligência | mantém a temperatura alta, evitando o surgimento deles.

Enquanto toda a água flui, o iceberg mantém a água como gelo, estacionada com a mesma quantidade de tempero, ou seja, é inerente ao iceberg ser um conhecimento simples, pois a experiência de vida não afetou o conhecimento congelado. Como também é um conhecimento tradicional, está congelado no tempo, tipo nos anos 60.

Daí surge o conservadorismo: “homem é mais inteligente que mulher”; “tem emprego quem faz por merecer”; “bandido bom é bandido morto”. E daí temos um efeito estufa inverso. Muitos icebergs presentes diminuem a temperatura geral do mar, impedindo a consolidação das correntes marítimas, ocasionando, assim, a formação de mais icebergs. Por exemplo, icebergs da contemporaneidade: “vacinas fazem mal”, “nazismo é de esquerda”, “a Terra é plana”, “não existe aquecimento global”.

Nosso presidente tem uma mente subzero.

Tempero turvo

Existem socialmente algumas fontes de temperos turvos. Uma clássica é a religião. Ao guardar seus temperos dentro de estantes e sótãos, por séculos, longe e inacessíveis, sem permitir a livre reflexão | incidência do Sol | sobre eles, ficam turvos. O seguidor, de maneira geral, da religião não questiona, nem reflete, afinal, ela traz a verdade, construída a partir das escrituras e outros documentos históricos turvos.

Outro, agora da contemporaneidade, é o tempero fast food | ou corrente, ou fake news | que circula pelo grupo da família no whatsapp. Ele vem por meio daqueles saquês, é extremamente turvo, pois seu processo de fabricação é rápido, não sendo um conhecimento com reflexão. Além disso, é feito em muitas quantidades, ao ponto de eleger um presidente.

Ao consumir esse tipo de conhecimento, o mar do indivíduo se torna cada vez mais turvo. E mesmo que reflita o Sol não consegue penetrar, o mar resfria e icebergs surgem.

Dia e noite

O sol só aparece em nós quando temos uma questão, uma necessidade. Pois ele consome muita energia. Agora observe seu dia, seu cotidiano. Sempre você ou está cumprindo tarefas, ou absorvendo informação. Não refletimos sobre a vida, os conhecimentos adquiridos, os filmes e séries assistidos. Em Gray’s Anatomy são sempre doutores brancos e com um negro só pra falar que tem? Esses temperos de conhecimento são depositados no mar sem passar por nenhuma corrente marítima. Seu mar vive boa parte do tempo na noite, e nesse cenário tomamos decisões, sem refletir, sem desenvolver nossas correntes marítimas da inteligência.

Decisões no escuro do mar.

Vale dizer que nascemos com o sol. Ele se desenvolve plenamente aos cinco, seis anos, fica muito, muito quente e precisa de muitas questões para consumir toda essa energia. Sim, é a fase dos porquês.

E a cada “porque não” que escuta, a noite também se desenvolve.

Criatividade

Por fim, a mais importante. É o que dá vida ao mar, ao mundo, à humanidade. Dada a sua fundamentalidade, ela vai ser parecida com um elemento que também dá vida a todos nós: as algas. Um metro quadrado de algas marinhas produzem dez vezes mais oxigênio que um de árvores. Você respira devido a elas. Pois isso, em nossa metáfora, as algas marinhas compõem a criatividade. Elas se alimentam de temperos | conhecimento | trazidos pelas correntes marítimas | inteligência | e produzem mais temperos. Muitas vezes, elas produzem conhecimento já existente, apenas em um formato | sabor | diferente. Por exemplo, tudo que escrevo aqui, sobre estes termos, já existe de uma outra forma. Mas essa pequena diferença de sabor, juntando toda espécie humana, a faz desenvolver ao longo dos milênios.

Einstein tinha corais gigantescos de algas em seu mar. Hitler também, mas seus temperos eram turvos.


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