Como escolher um candidato?
Conhecer as propostas dos candidatos é o que a gente escuta a ser feito para definir em quem votar. Vou propor aqui uma outra forma, mais significativa e adequada aos tempos atuais, de discursos semelhantes e celebridades concorrentes. E não, não vou te falar em quem votar, só oferecer novos critérios para sua escolha.
Coitado do voto
Eu lembro que tirei meu título de eleitor antes dos dezoito anos, de tanta ansiedade em participar da democracia, marcar na cédula… acho que já votei na urna eletrônica, pois não lembro de escrever, só lembro de apertar.
O barulho da urna eletrônica é igual a nossa marquinha de vacina.
Se um dia se perder no mundo e precisar encontrar outro brasileiro na multidão, você pode emitir de alguma forma o barulhinho da urna, bem alto. Logo alguém aparece. Quando chegar pertinho, olhe o braço e veja a marquinha da vacina. Agora já podem conversar e concordar que o voto não vale nada.
O descrédito do voto, além de envolver nossa cultural, é uma questão matemática. Se o país tivesse dez pessoas seu voto representaria 10% do total, agora com 147.302.357 eleitores, em 2018, a calculadora me disse que cada voto representa uma porcentagem muito minúscula, algo como 23 estádios de futebol ou 94 Torres Eifeil | nada a ver, nem é, mas sempre quis dizer isso. De qualquer maneira, a máquina de fazer contas não disse zero. Então, valor tem, exceto se você o jogar fora, votando em branco ou nulo, dizendo que todo político é corrupto e blá, blá, blá.
É curioso quando sai os resultados, aparece aquele número enorme de votos de cada candidato e não parece que façamos parte dele, mas sim, somos alguma porcentagem do total.
Resultado da eleição permite nos ver na totalidade do país.
O voto pode ser usado para muitas coisas. Primeiro para nada, ao utilizar como critério de escolha algum santinho no chão em frente à escola. Também em forma de protesto suicida, ao votar em candidato caricato. Outra boa é como serviço. Você contrata um político para cuidar de todos os problemas da cidade por quatro anos. Essa é bem popular pois, agora que tem meio que uma empresa cuidando da cidade, você pode dormir tranquilo e quem não quer dormir tranquilo? O problema é acordar depois de quatro anos. Tem o voto asfalto: o eleito, em quatro anos, faz uma única ação, mas que impacta a sua vida, bem diretamente mesmo, asfalta sua rua, constrói seu posto, coloca porta USB na sua lotação. E ignora toda a cidade.
Até dá dó do | óia que frase legal | voto, ele que nos permite escolher alguém legal para nos representar. Isso mesmo, a minha recomendação é escolher o candidato legal, gente boa, para votar. Parece simples, acho que é mesmo, só precisa ter cuidado para realizar todo o processo de forma correta.
Ah! Essa dica não foi eu que inventei, uma vez li em um antigo texto do Flávio Gomes e decidi aprofundar a ideia. Conto com sua imaginação. Vamos lá?
Um lugar!
Pense em coisas que você gosta de fazer. Pensou? Mas essa não. Essa até funcionaria, mas não é boa ainda. Vou te dar uma dica: comer, afinal todo mundo gosta de comer. Agora imagine um lugar com várias coisas gostosas, você com aquela fome. Só tem um probleminha: tem seis lugares vazios e só um ocupado, o seu. Triste.
Coleguinhas!
Você assinou com sua operadora de celular um contrato infinito e inquebrável, na verdade é um pleonasmo, pois ao dizer sim para uma empresa telefônica ou de tv a cabo significa dizer sim para o verdadeiro casamento eterno. Felizmente o contrato é o melhor do mundo, pois veio com um pacote grátis: o número de todas as pessoas do planeta.
Regra 1. Você pode, de fato, chamar quem você quiser.
Deixe o crush de lado e não se esqueça da quantidade de coisas gostosas, você vai ficar com seus convidados por horas, conversando, bebendo e comendo, estilo Idade Média, Última Ceia, Piquenique ou Churrasco Depois de Encher a Laje. Ou seja, o assunto não pode acabar, para não rolar o climão. Além disso, ninguém quer treta.
Regra 2. Todo mundo tem que se dar bem.
Sabe quando alguém fala, fala e fala e você fica com aquela admiração profunda? “Meu, essa mina é foda” ou “Homão da porra” ou “Uau! Continue”
Regra 3. Você precisa se derreter e não piscar quando cada convidado falar.
Imagine no outro dia você contando para todo mundo com quem você estava. Um ou outro vai ter perguntar “Não conheço, quem é?”
Regra 4. O convidado precisa ter feito ou fazer coisas que você saiba e respeite.
Pegou as entrelinhas? Você precisa convidar seis pessoas, famosas, conhecidas, ou não, que admire, não cansaria de ouvir, com um passado e presente significativo e respeitável e, obviamente, que não seja seu candidato. Mas pode ser do seu vizinho ao Papa, de seu professor ao ator da TV, da jogadora de tênis à escritora de livros.
Foque nos atributos ideológicos, não estéticos, hein?
Alerta!
Você conhece um pouquinho de cada pessoa, de verdade? Sabe o que ela pensa, as opiniões dela e tudo mais? Vai que você a ache legal, mas ela é chata. E vai que ela seja super legal, mas é chata. Cuidado, cuidado com ranços e paixonites superficiais ou amizades por gostos, não ideológicas.
A frase!
Quando todo mundo já estiver tranquilo e feliz, comendo e bebendo, manda essa:
Gente, vou votar em fulano!
O que aconteceu? Qual foi a reação dos convidados? Climão? Estranhamento? Ou você ouviu: “Oxi, seria mais em quem? Claro que é a melhor opção!”
Você descobrirá se está escolhendo um representante seu, de fato, que realizará ações não apenas que são necessárias, mas da forma que você acha correta que sejam feitas.
Tudo igual
Político discursa tudo igual porque vivemos todos no mesmo país, desemprego, violência, educação e saúde assolam todos, mas a quantidade de flores na avenida, não. Por isso é lugar comum dizer “Vou acabar com a violência”, mas como? Nós não somos especialistas para dizer, mesmo que queiramos dar opinião sobre tudo. Sendo assim, confiamos nosso voto em alguém | com sua equipe| que saberá como fazer.
Todo defendemos uma educação de qualidade, afinal. Por isso a questão não é o que, afinal, é como. No como reside sua mesa de convidados notáveis. Eles validam | ou não | os princípios do indivíduo que receberá seu voto. Se as pessoas que você admira não validarem sua escolha é provável que você esteja do lado errado.
Quem está do meu lado?
Minha sugestão é não se importar muito com propostas, projetos e tudo mais, pois no discurso nada se diferencia. Fique mais atento aos eleitores de seu candidato.
As pessoas que te encantam estão do seu lado?
Veja que eu não estou definindo quem te encanta. Tenho o que me inspira no outro, tenho meus seis nomes. Este texto busca trazer um sentido mais profundo para seu voto, alinhado aos seus princípios. Acredito que convidar indivíduos inspiradores para um jantar imaginário evidenciará para você mesmo seus próprios princípios.
Não acredito, você aqui
Sabe aquele colega de sala, atriz, apresentador de tv, jogador de futebol, a dona da bomboniere | palavra engraçada de escrever | que possui um discurso considerado deplorável por ti? Votará no mesmo candidato que o seu. Não é de se estranhar? Faça o inverso também: veja em quem votam aquelas pessoas que você prefere manter distância.
Não somos especialistas em tudo, não vamos ter olhar crítico e conhecimento técnico para analisar todas as propostas, mas todos temos princípios.
Vote em princípios, admire sua escolha.
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